ENGESV - ENGENHARIA SUSTENTÁVEL

ENGESV - ENGENHARIA SUSTENTÁVEL
ENERGIA LIMPA

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Como transformar empreendimentos existentes em empreendimentos sustentáveis

A cada dia que passa ouvimos falar mais sobre sustentabilidade, preservação do mei ambiente e aquecimento global. Estes conceitos, que até pouco tempo se restringiam aos grupos acadêmicos e ambientalistas, passaram a fazer parte de nossa realidade, devido ao aumento do acesso à informação e também aos primeiros indícios reais de esgotamento da capacidade do planeta em prover recursos naturais para a nossa sobrevivência.

A Construção Civil é responsável pelo consumo de boa parte dos recursos naturais do planeta, tanto na fase de obras quanto na fase de uso e operação dos edifícios. Apesar de ser uma fase de enorme impacto ambiental, a construção de edifícios dura no máximo dois anos, enquanto que o seu uso pode facilmente passar dos 50 ou 100 anos. Durante todo tempo de vida útil do edifício, ele irá consumir recursos naturais e despejar resíduos no planeta, consumindo muito mais energia, água e gerando muito mais resíduos do que na fase de obras.

Apesar do "boom" imobiliário dos últimos cinco anos, a idade média das construções na cidade de São Paulo ainda é de aproximadamente 25 anos. Isso significa que temos edifícios novos e eficientes, mas também edifícios muito antigos e ineficientes, que foram projetados e construídos numa época em que os conceitos de sustentabilidade e preservação ambiental nem sequer existiam! Portanto, apesar das iniciativas atuais de se construir de maneira sustentável, temos um grande desafio que é tornar os edifícios já existentes sustentáveis, pois eles acabam sendo os grandes responsáveis pelo esgotamento da água e energia do planeta.

O processo de reabilitação de edifícios para torná-los sustentáveis é bem mais complexo do que uma construção nova já sustentável. Em alguns casos mais críticos, a ocupação do edifício durante o processo de reabilitação pode tornar-se inviável, porém em outros a reabilitação ocorre com o edifício em funcionamento. Além da questão da ocupação dos edifícios, normalmente o processo de reabilitação sustentável encontra dificuldades devido ao canteiro de obras restrito, alta quantidade de resíduos de demolição, falta de cadastramento da situação real do edifício e incômodos gerados aos usuários e vizinhos.

O primeiro passo para tornar um edifício existente sustentável é uma análise minuciosa da situação atual em relação aos requisitos de Alta Qualidade Ambiental (AQUA), que são baseados na qualidade intrínseca do edifício (QI) e na qualidade ambiental das práticas (QAP). A qualidade intrínseca do edifício demonstra como a construção em si atende aos critérios de sustentabilidade, como elementos de sombreamento de fachada (brises), sistemas de ventilação natural, facilidade de acessos para manutenção, iluminação natural, entre outros.

A qualidade intrínseca do edifício não está diretamente relacionada ao emprego de soluções de alta tecnologia, e sim a um bom projeto arquitetônico e a uma execução consciente, que levam a um alto desempenho ambiental e a uma economia significativa de energia e água durante a operação. Já a qualidade ambiental das práticas (QAP) decorre da maneira pela qual os usuários se relacionam com o edifício, e é tão importante quanto a QI, uma vez que o usuário é o grande responsável pelos impactos ambientais decorrentes de sua operação. Para se ter uma ideia, uma simples torneira aberta por 6 minutos gasta toda a água necessária para uma pessoa sobreviver um dia inteiro, considerando o consumo per capita recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Desta forma, não adianta nada o edifício ser totalmente sustentável se as práticas de operação não forem sustentáveis.

Uma vez concluída a análise inicial, chamada diagnóstico, é preciso traçar uma estratégia ambiental do edifício, hierarquizando quais iniciativas deverão ser postas em prática primeiro, sempre levando em consideração a relação custo x benefício x preservação do meio ambiente. A estratégia ambiental global do edifício tem como finalidade evitar que se tomem medidas isoladas, aparentemente sustentáveis, porém quando dentro de um contexto global sem resultados expressivos. Um exemplo interessante é a instalação de sensores de presença em todos os ambientes do edifício, inclusive os com lâmpadas fluorescentes: estudos comprovam que para ciclos menores do que 15 minutos é mais viável deixar o acionamento da lâmpada por interruptor do que instalar um sensor de presença.

Neste caso, a análise leva em conta, não só o consumo de energia, mas também o impacto ambiental decorrente do descarte das lâmpadas fluorescentes, que têm a sua durabilidade reduzida proporcionalmente ao número de ciclos. Resumindo, do ponto de vista global, a aparente redução no consumo de energia elétrica em uma lâmpada fluorescente com sensor de presença pode gerar um impacto ambiental maior, devido à redução da sua vida útil.

Por fim, não existe uma receita pronta para tornar os edifícios existentes em edifícios sustentáveis, pois a complexidade de uma construção é muito grande. A receita ideal é utilizar uma metodologia reconhecida para tornar o edifício sustentável, implementada por uma equipe que conheça a fundo os requisitos de Alta Qualidade Ambiental (AQUA), de modo que a reabilitação sustentável possa efetivamente atingir os resultados desejados, contribuindo efetivamente para a redução da escassez de recursos naturais e biodiversidade.

Por Luiz Henrique Ferreira, www.administradores.com.br


segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Mercado promissor de energias renováveis e política nacional de incentivo ao uso de fontes renováveis de energia

“Como inserir o Brasil no promissor mercado (nacional e internacional) de energias renováveis. A expansão desse mercado no Brasil, no entanto, só é possível a partir do desenvolvimento de uma política efetiva de incentivo ao uso (comercial, residencial e industrial) de fontes alternativas de energia”, escreve Celso Oliveira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biomassa e Energia Renovável.
Nosso país possui um enorme potencial a ser explorado em energias renováveis, com o qual poderá gerar energia limpa para as atuais e futuras gerações, garantir novos empregos e dividendos financeiros e tributários e ajudar no combate mundial às mudanças climáticas, com a redução da emissão de gases de efeito estufa. A diversificação da matriz energética, além de abrir novas oportunidades para a indústria, é uma necessidade do País. Avaliem os comentários:

“O investimento nos setores de energia sustentável precisam continuar a crescer se os objetivos são a redução da emissão de gases estufa, aumento do uso de energia renovável e eficiência energética,” diz o relatório, preparado com o modelo de Finanças de Novas Energias aplicado no Reino Unido tomando como base a Iniciativa financeira para energia sustentável de Paris. “Os investimentos devem atingir, entre agora e 2030, $450 bilhões a partir de 2012, aumentando para mais de $600 bilhões por ano a partir de 2020. A performance geral do setor durante 2007 e em 2008 mostra um bom caminho para se atingir estes níveis.”

Mohamed El-Ashry, Chefe da Renewable Energy Global Policy Network REN21 disse: "Uma razão para o gradual crescimento dos renováveis é simplesmente econômica: enquanto os custos do combustível fóssil está crescendo, os custos da tecnologia para energia renovável está caindo. E com os renováveis não há custos de combustíveis nem emissão de carbono."

De acordo com o IEA, um montante de US$20 trilhões é esperado como investimento para suprir a demanda energética mundial até 2030. Se tais investimentos não forem feitos de uma forma consciente no que diz respeito ao clima, as emissões de gases estufa devem aumentar em 50% até 2050, enquanto a ciência nos diz que essas emissões devem ser reduzidas em 50% até 2050.

Os ativos financeiros na India cresceram significativamente, para $2.5 bilhões, em maior parte devido a 1.7GW em novos projetos de energia eólica. Tais instalações colocaram a Índia em quarta posição mundial, tanto em termos de nova capacidade adicionada quanto em capacidade total instalada. O investimento em capacidade renovável não-hidráulica na China aumentou mais de quatro vezes, para $10.8 bilhões, e a nova capacidade eólica dobrou para 6 gigawatts.

O Brasil precisa desenvolver urgente uma política de valorização e de uso das fontes de energias renováveis para atingir os objetivos econômicos, sociais e ambientais e de fazer face a desafios consideráveis em matéria de energia. Valorização com a desoneração tributárias para as empresas que atuam no setor de biomassa e para as empresas nacionais que produzem equipamentos e tecnologia industrial. .  É necessário que as fontes renováveis sejam incluídas nas atividades de interesse da política científica, tecnológica e industrial do país.

Para tanto, deve-se estabelecer uma estrutura regulatória sólida, vinculada à criação de uma política consistente de incentivo que permita o seu crescimento constante nas próximas décadas, contemplando o uso industrial de biomassa para fins de energia (woodchips, biomassa, pellets, agropellets e briquete), parques eólicos, energia solar, centrais termelétricas a biomassa e gases provenientes do tratamento de esgotos e resíduos urbanos sólidos. A consolidação de um mercado de renovável consistente só será possível com o estabelecimento de uma política nacional para energias renováveis que esperamos que venha em acontecer nos próximos anos.

A utilização de biomassa para aproveitamento energético é de notável importância, é considerada uma fonte alternativa de energia e também uma solução de um grande problema ambiental e econômico que é a disposição final de resíduos gerados nas mais diversas atividades do setor agrícola brasileiro.  Aumentar a diversificação da matriz energética de um país e reduzir sua dependência de combustíveis fósseis é uma medida estratégica importante para a garantia de suprimento de energia. 

Outra vantagem é a diversificação da matriz energética incluindo fontes alternativas de energia, e também consideradas sustentáveis. Essa fonte de energia pode ser considerada um dos potenciais de MDL  como fontes alternativas de energia: co-geração, gás natural e biomassa. A biomassa pode ser encontrada de várias formas como potencial energético como: os resíduos culturais agrícolas e florestais,  resíduos industriais  e plantios energéticos e florestas nativas.

O Estudo da KPMG Anual Global de Fusões e Aquisições de Energia Renovável em todo o mundo constatou que 37% dos grandes investidores planejam investir em projetos de biomassa, 36% tem planos de investir em energia solar e 35% em energia eólica.Os entrevistados indicam que preferem as empresas e usinas de biomassa devido ao seu potencial para render retornos muito superiores a outras tecnologias renováveis.

Com o mercado global de produtos de baixo carbono previsto para crescer 4% ao ano até 2015, temos oportunidade tremenda para assegurar que nosso futuro econômico seja baseado em bens e serviços verdes, de baixo carbono, que estimulem o crescimento, gerem empregos, combatam as mudanças climáticas e fomentem a segurança energética.

O mercado de produtos e serviços verdes do Reino Unido, que vale quase R$ 1 trilhão, já emprega cerca de 900 mil pessoas, diretamente ou na cadeia de oferta mais ampla. O Reino Unido vê a transição para uma economia verde, de baixo carbono, como importante oportunidade comercial e de emprego. A visão do Reino Unido é a de uma economia verde, de baixo carbono, com empregos gerados pelas novas tecnologias e mercados do futuro.

Com o conjunto certo de políticas, e com a adesão forte do setor privado, o Brasil tem a possibilidade de se tornar uma potência ambiental no século 21.

FONTE: Newsletter ABIB Energia Renovável